quarta-feira, 5 de abril de 2023

Detentos usavam quentinhas para se comunicar em presídio no Ceará

Polícia cumpriu um mandado de busca e de prisão contra um detento que já cumpria pena por tráfico de drogas

Presidiários usavam marmita para manter comunicação entre criminosos no Ceará

Uma operação revelou nesta quarta-feira (5) um esquema de comunicação entre detentos e chefes de facção soltos no Ceará utilizando tampas de marmita.
Conforme o Ministério Público, o alvo da operação é integrante de uma facção que tinha a função de “salveiro geral”, pessoa responsável por repassar e receber os comunicados da organização, tanto dentro do próprio sistema prisional quanto fora das penitenciárias, conectando as diferentes cadeias do grupo.
A ação cumpriu um mandado de busca e apreensão e um de prisão preventiva contra um detento da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Juca Neto, em Itaitinga.
A polícia apreendeu com o preso sete tampas de quentinhas, com mensagens dirigidas a outros detentos.
Em depoimento, o investigado disse que pegava a parte de alumínio da quentinha e afinava a ponta, visto que o alumínio solta uma substância preta que, molhada com sabonete, faz o traço ficar mais espesso, usando-a como se fosse um lápis.

Investigações - As investigações começaram em abril de 2022, após a apreensão do material durante uma ronda noturna.
Ao examinar o teor das mensagens contidas nas tampas, os investigadores identificaram que se tratava de informações sobre o funcionamento da facção dentro do próprio presídio, orientações para serem compartilhadas com familiares e ainda uma espécie de campanha para cooptar novos integrantes para a facção criminosa.
Conforme o Ministério Público, em um dos bilhetes ficou claramente combinado que os detentos deveriam incentivar seus familiares a denunciarem supostas agressões que estariam sofrendo dentro do presídio.
Segundo o acusado, a meta era conseguir 70 denúncias por visitante, pois só assim conseguiriam chamar atenção da imprensa e, consequentemente, da sociedade para a situação dos detentos. Com isso, iriam expor de forma negativa o funcionamento do Sistema Prisional do Estado do Ceará.
De acordo com o alvo da operação, esse objetivo não foi alcançado, pois somente 40 denúncias teriam sido formalizadas.
Em outros bilhetes, o “salveiro geral” buscava promover a facção criminosa e atrair novos apoiadores ao grupo, com mensagens motivacionais, destacando valores como união, coragem e confiança.
Todo o material apreendido foi submetido à perícia, que comprovou a autoria das mensagens. O alvo já cumpre pena pelo crime de tráfico de drogas. Caso seja condenado pelos novos delitos, irá também responder por integrar organização criminosa, com agravante de atuar como liderança do grupo.

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