Foram mortos a tiros Francisco Flávio de Sousa Nascimento e Antônio Nelson Silva da Rocha Júnior
"Não há que se falar em relaxamento da prisão cautelar,
pelo que, indefiro pedido da defesa, mantenho o decreto preventivo contra
Guilherme Teixeira de Almeida", disse o juiz da 5ª Vara do Júri, em
Fortaleza
A Justiça decidiu que o policial militar Guilherme Teixeira
de Almeida deve permanecer preso, para manter a ordem
pública e por conveniência da instrução criminal. O PM é réu por dois homicídios, ambos ligados a um caso de extorsão
pelo qual ele já foi denunciado na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos
de Segurança Pública (CGD).
Foram mortos a tiros Francisco Flávio de
Sousa Nascimento e Antônio Nelson Silva da Rocha Júnior. Consta no processo
que as execuções se trataram de uma 'queima
de arquivo', na qual o militar teria intenção de assegurar a impunidade do
crime anterior.
Quando o PM foi preso, também foi apreendida uma arma que ficou comprovado que
os disparos que atingiram ambas as vítimas saíram da arma apreendida em poder
do policial.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) acusou Guilherme Teixeira em dezembro de
2022.
Guilherme Teixeira tem antecedentes pelos crimes de tráfico ilícito de drogas,
porte ilegal de arma de fogo e ameaça.
TESTEMUNHA EXECUTADA - No dia 19 de abril de
2017, Antônio Nelson noticiou à CGD que tinha sido vítima no dia anterior do
crime de extorsão, supostamente praticado pelo PM. Na versão da vítima,
militares teriam flagrado munições de arma de fogo e "trouxinhas" de
cocaína no interior de sua casa e para não o prender, teriam exigido a quantia
de R$6 mil.
"Não bastasse isso, os policiais teriam subtraído a quantia de R$ 1
mil e um aparelho celular alegando que voltariam para buscar os cinco mil reais
restantes. No decorrer da investigação dos homicídios constatou-se que Francisco
Flávio teria sido testemunha da extorsão sofrida por Antônio Nelson".
Ainda no dia 19 de abril, o PM teve informações de onde poderia encontrar
Francisco. Ele foi até o bairro Parque Santa Rosa e disparou contra Francisco.
A vítima estava no bar de sua propriedade e foi surpreendido pela repentina
aproximação do acusado Guilherme Teixeira e outro indivíduo ainda não
identificado, ambos em uma motocicleta.
"O denunciado rendeu a vítima determinando que Francisco Flávio
colocasse as mãos na cabeça e virasse de costas, e logo em seguida efetuou
disparos de arma de fogo, executando Francisco Flávio por ele ser testemunha da
extorsão que Antônio Nelson alegou ter sofrido, ação essa tipicamente conhecida
como “queima de arquivo”, visando impedir que Francisco Flávio viesse a ser
ouvido nos procedimentos, inclusive administrativo, e eventual processo
judicial que seriam instaurados em razão da comunicação feita".
SEGUNDO ASSASSINATO - Dias depois, exatamente
em 30 de abril de 2017, Antônio Nelson foi morto a tiros. Ele estava no bairro
Jardim Fluminense, chegando na própria residência, quando foi surpreendido por
homens armados chegando em um veículo de cor branca.
Do automóvel desceu Guilherme Teixeira já com a arma em punho. A vítima
tentou fugir, foi perseguida e caiu em um matagal, sendo atingida por oito
disparos de arma de fogo.
"Houve o concurso de outras pessoas, que ainda que não identificadas,
atuaram dando suporte à ação criminosa. No que se refere à motivação,
verificou-se que Guilherme Teixeira tinha por finalidade assegurar a impunidade
de crime anterior".
Para a acusação, o militar também matou Antônio Nelson motivado pela
vingança "pelo fato de Antônio Nelson ter comunicado à Controladoria Geral
de Disciplina a extorsão praticada por Guilherme Teixeira e outros
policiais".
O processo segue em andamento e, até o momento, não há outros denunciados pelo
duplo homicídio.
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