Todos eles foram alvos da Operação Vereda Sombria, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no Ceará
Na época da operação, a cúpula da DCTD foi afastada da
Especializada
A delegada da Polícia Civil do Ceará (PCCE), Patrícia Bezerra, foi absolvida nesta quinta-feira (14), em decisão proferida no Tribunal
Regional Federal (TRF) da 5ª Região, em Recife. Ela e outros 12 policiais foram
condenados na Justiça Federal, em dezembro de 2020, sob acusação de crimes como
extorsão, corrupção, associação criminosa e envolvimento com tráfico de drogas.
Outros policiais civis acabaram beneficiados com redução de pena nesta
quinta-feira. Todos eles foram alvos da Operação Vereda Sombria, deflagrada
pela Polícia Federal (PF) no Ceará, quando a cúpula da Divisão de Combate ao
Tráfico de Drogas (DCTD) foi afastada.
Dentre os crimes apontados pela 1ª Instância da Justiça Federal estavam
apropriação de dinheiro público, tortura, abuso de autoridade e organização
criminosa. A investigação começou a partir da delação premiada de um traficante
português preso em duas ocasiões pelos policiais civis da Especializada, por
vender anabolizantes.
AGENTES COM PENAS REDUZIDAS
Rafael de Oliveira
Domingues - inspetor / redução da pena, de 12 anos para 3 anos
Fábio Oliveira
Benevides - inspetor / 9 meses por violação de domicílio e pena substituída por
penas alternativas
Raimundo Nonato
Nogueira Júnior - inspetor / 9 meses por violação de domicílio e pena
substituída por penas alternativas
Antônio Chaves Pinto
Júnior, inspetor
José Audízio Soares
Júnior, inspetor
Antônio Henrique Gomes
de Araújo, inspetor
João Filipe de Araújo
Sampaio Leite (delegado do Piauí, ex-inspetor da PCCE)
Francisco Alex de Souza
Teles, inspetor
Petrônio Jerônimo dos
Santos, inspetor
Allan Wagner de
Oliveira, inspetor
MAIS SOBRE A OPERAÇÃO - Patrícia Bezerra era
delegada titular da DCTD quando foi alvo da primeira fase da operação. Em
dezembro de 2017 a investigação foi a conhecimento público e a policial foi
afastada da Especializada. Patrícia foi condenada pelo crime de organização
criminosa.
Em 1º Grau, a pena contra a delegada foi de sete anos de reclusão, perda do
cargo e interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de
oito anos subsequentes ao cumprimento da pena.
No ano de 2020, o juiz
Danilo Dias disse nos autos, não ter dúvidas que "Patrícia Bezerra tinha
pleno conhecimento dos inúmeros abusos policiais praticados no âmbito da
delegacia da qual era titular - tendo, inclusive, participado de parte
deles" e ser "impossível cogitar de manter pessoas como os acusados
no exercício de uma função pública - ainda mais de natureza policial, que exige
uma idoneidade qualificada e um comprometimento acentuado com a legalidade no
cumprimento do dever público
Outros dois delegados lotados na DCTD foram alvos da operação. No entanto, a
Justiça decidiu pela inocência de Lucas Saldanha Aragão (à época
diretor-adjunto da Especializada) e Anna Cláudia Nery.
NEGOCIATA - Conforme a acusação, os
policiais civis entravam em negociação com suspeitos de tráfico de drogas e
tiravam vantagem para si. Consta no processo que os policiais passaram a ser
investigados após subtrair ou pedir dinheiro, ou material ilícito, como drogas
e anabolizantes, em troca de relaxar o flagrante ao criminoso.
O português Carlos Miguel de Oliveira Pinheiro firmou um acordo de
colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF) no ano de 2016 e
relatou que teve bens subtraídos por policiais civis nas duas vezes que foi
preso. Diante da delação, o MPF encaminhou o caso à Polícia Federal, que
iniciou a investigação do caso.
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