Detentos pedem saída de diretor da unidade investigado por práticas de tortura
Novas denúncias de torturas em presídio do Ceará
As denúncias
de tortura e maus tratos a detentos da Unidade Prisional Agente Elias Alves da
Silva (UP Itaitinga IV), na Grande Fortaleza, continuam sendo relatadas por
advogados e familiares.
Novos testemunhos apontam que os
internos, durante as sessões de tortura, são obrigados a comer pão com sabão, a
tomar água misturada com água sanitária e sabonetes líquidos, não recebem
alimentação regular, lambem o chão e não recebem os produtos de higiene que
chegam dos familiares.
Em junho deste ano, os primeiros casos de tortura vieram à tona. Onze policiais
penais foram investigados por torturar e quebrar dedos de detentos na Unidade
Prisional Professor Olavo Oliveira II (IPPO II), no município de Itaitinga.
Já as denúncias de tortura na UP Itaitinga IV iniciaram em julho. Como mostram
imagens acima, um dos detentos teve a cabeça perfurada por balas de borracha.
A Controladoria Geral de Disciplina, órgão que apura denúncia contra servidores
da segurança pública no Ceará, diz que apura as denúncias.
Princípio de rebelião
Internos apresentam marcas de agressão
Após a
repercussão dos eventos de julho, a Justiça do Ceará resolveu afastar por 90
dias toda a diretoria da UP Itaitinga IV.
Com o prazo encerrado, o diretor retornou à gestão, o que estaria causando
insatisfação dos detentos. Eles iniciaram um princípio de rebelião após o dia
24 de setembro, quando o gestor voltou, e teriam jogado água sanitária nos
policiais.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), 149 presos foram
levados à delegacia e nove ficaram feridos após este episódio. Conforme a
advogada e familiares, no entanto, as torturas voltaram a acontecer.
Pão com sabão e água sanitária - Um familiar de um dos presos relatou que o homem está
'debilitado, mais magro'. Disse também que os agentes gritam com os parentes
que estão indo para as visitas, 'humilham e cortam as visitas por besteira'.
"Se eles dessem almoço, eles não davam janta. Às vezes, o almoço
chega, eles deixam as quentinhas bem afastadas dos meninos. Depois que as
moscas passam lá e fazem o que tem que fazer, eles chutam as quentinhas para os
meninos comerem".
As visitas, no momento, estão suspensas. A familiar viu o interno pela
última vez no início de setembro.
Ela e outros parentes estão se mobilizando para denunciar os casos e
fazendo protestos.
Torturas psicológicas - Uma advogada relatou que as novas denúncias apontam torturas
também psicológicas.
"Tenho um cliente que tem fístula anal. O diretor faz tortura
psicológica: chama ele de 'mulherzinha', pede para ele lamber a bota dele com a
língua. Por último, eles estão sem água, alimento e estão nus", elencou a
profissional.
Outro detento, segundo a advogada, perdeu o nariz e está sob sonda, após um
tiro de borracha. "A família não tem notícia, ninguém passa informação
nenhuma".
A profissional está buscando medidas judiciais e quer acionar o Ministério
dos Direitos Humanos e da Cidadania, em Brasília. Segundo ela, os internos
pedem afastamento do atual diretor.
Detentos pedem afastamento do atual diretor
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