sábado, 2 de novembro de 2024

Celulares em presídio - Como funcionava o esquema liderado por policial penal junto a membros do CV

O agente recebia, em média R$ 12 mil por cada aparelho vendido dentro de unidades prisionais

Policial já tinha exercido cargo de gestão em outras unidades prisionais

O policial penal José Ramony Emanuel de Melo Costa, preso na última quinta-feira (31), sob suspeita de liderar um esquema de venda de celulares em presídios no Ceará, estaria ajudando membros do Comando Vermelho (CV) a ordenarem crimes de dentro das unidades prisionais, conforme a investigação.
Consta na investigação que em uma das negociações para a entrada ilegal de aparelhos em presídios, o policial recebeu R$ 35 mil em troca de três aparelhos, uma média de R$ 12 mil por cada. De acordo com o relatório, todos os internos identificados como 'compradores' de Ramony são integrantes ou simpatizantes da facção carioca CV.
Está ainda sob investigação a informação de que "os celulares introduzidos por Ramony e que tiveram como destino o interno de alcunha 'Das Cachorras' foram um meio para concretizar, ao menos, dois homicídios no exterior da Unidade Prisional, o que reforça a gravidade das condutas aqui investigadas"

Trecho de uma das conversas entre o policial e presos observadas pelos investigadores

DEMAIS SUSPEITOS - Segundo a investigação, o interno identificado como 'Das Cachorras' é Adriano Lopes Ribeiro, um dos quatro presos que fomentava o esquema do policial penal. Outros detentos identificados são: Francisco Neilton Magalhães Dias, o 'NF'; Francisco Rogério Arcanjo Matos, o 'Arcanjo' e José Juliano Falcão Alves, o 'Falcão'.
Há suspeita de que o policial conseguiu entregar os celulares aos presos quando os internos recebiam atendimento médico.
Nesta sexta-feira (1º), a Justiça já converteu a prisão temporária de Ramony em prisão preventiva. Ele é suspeito de corrupção e associação criminosa.

POLICIAIS DENUNCIARAM O 'COLEGA DE FARDA' - A rotina de luxo levada por Ramony e exibida nas redes sociais junto à mudança de comportamento de internos na Unidade Prisional de Pacatuba levou outros agentes a "desconfiarem do colega de farda". No último mês de outubro, um grupo de policiais penais apresentou na Delegacia de Assuntos Internos (DAI) seis aparelhos apreendidos na unidade de Pacatuba, no dia anterior.

O policial viajava frequentemente para o exterior

Quando detalhado o contexto da apreensão e denunciado o suposto esquema, assim como quem vinha operando, Ramony passou a ser investigado.
"Vale ainda ressaltar que, após a deflagração da Operação que culminou com as apreensões acima e com a prisão de Ramony, a SAP iniciou uma ampla vistoria na UPECT, local atual de trabalho do investigado. Durante esse procedimento, foram encontrados em celas da Unidade 6 aparelhos celulares, todos danificados, 11 chips, 6 fones de ouvido e 3 bases de carregador de celular, materiais esses potencialmente introduzidos por Ramony"

Relatório da DAI - O policial penal estava atualmente lotado na Unidade Prisional de Ensino, Capacitação e Trabalho de Itaitinga (UPECT-Itaitinga).
A Controladoria Geral de Disciplina (CGD) disse ter determinado a instauração de processo disciplinar "para devida apuração do fato na seara administrativa".
Por nota, a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) destaca "que apoia de forma integral e transparente o trabalho da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública. Por fim, a SAP reafirma o seu compromisso ininterrupto de combate ao crime".

OSTENTAÇÃO NAS REDES - O policial vinha ostentando nas redes sociais. Nos últimos meses, o suspeito chegou a viajar para a Europa e exibiu os registros no seu perfil pessoal, no qual também compartilhava a rotina como agente prisional.

Carro de luxo apreendido junto ao agente

Um carro de luxo da marca BMW, 10 chips, seis celulares, quase R$ 45 mil em espécie, 63 munições, carregadores e fones de ouvido foram apreendidos junto ao suspeito na quinta-feira. 

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