O agente recebia, em média R$ 12 mil por cada aparelho
vendido dentro de unidades prisionais
Policial já tinha exercido cargo de gestão em outras unidades
prisionais
O policial penal José Ramony Emanuel de Melo Costa, preso na última quinta-feira (31), sob suspeita de liderar um esquema
de venda de celulares em presídios no Ceará, estaria ajudando membros do
Comando Vermelho (CV) a ordenarem crimes de dentro das unidades prisionais,
conforme a investigação.
Consta na investigação que em uma das negociações para a entrada ilegal de
aparelhos em presídios, o policial recebeu R$ 35 mil em troca de três
aparelhos, uma média de R$ 12 mil por cada. De acordo com o relatório, todos os
internos identificados como 'compradores'
de Ramony são integrantes ou simpatizantes da facção carioca CV.
Está ainda sob investigação a informação de que "os celulares introduzidos
por Ramony e que tiveram como destino o interno de alcunha 'Das Cachorras' foram um meio para concretizar, ao menos, dois
homicídios no exterior da Unidade Prisional, o que reforça a gravidade das
condutas aqui investigadas"
Trecho de uma das conversas entre o policial e presos
observadas pelos investigadores
DEMAIS SUSPEITOS - Segundo a
investigação, o interno identificado como 'Das
Cachorras' é Adriano Lopes Ribeiro, um dos quatro presos que fomentava o
esquema do policial penal. Outros detentos identificados são: Francisco Neilton Magalhães Dias, o 'NF';
Francisco Rogério Arcanjo Matos, o 'Arcanjo' e José Juliano Falcão Alves, o
'Falcão'.
Há suspeita de que o policial conseguiu entregar os celulares aos presos
quando os internos recebiam atendimento médico.
Nesta sexta-feira (1º), a Justiça já converteu a prisão temporária de Ramony em
prisão preventiva. Ele é suspeito de corrupção e associação criminosa.
POLICIAIS DENUNCIARAM O 'COLEGA DE FARDA' - A rotina de luxo levada por Ramony e exibida nas redes sociais junto à mudança de comportamento de internos na Unidade Prisional de Pacatuba levou outros agentes a "desconfiarem do colega de farda". No último mês de outubro, um grupo de policiais penais apresentou na Delegacia de Assuntos Internos (DAI) seis aparelhos apreendidos na unidade de Pacatuba, no dia anterior.
O policial viajava frequentemente para o exterior
Quando detalhado o
contexto da apreensão e denunciado o suposto esquema, assim como quem vinha
operando, Ramony passou a ser investigado.
"Vale ainda ressaltar que, após a deflagração da Operação que culminou com
as apreensões acima e com a prisão de Ramony, a SAP iniciou uma ampla vistoria
na UPECT, local atual de trabalho do investigado. Durante esse procedimento,
foram encontrados em celas da Unidade 6 aparelhos celulares, todos danificados,
11 chips, 6 fones de ouvido e 3 bases de carregador de celular, materiais esses
potencialmente introduzidos por Ramony"
Relatório da DAI - O policial penal estava
atualmente lotado na Unidade Prisional de Ensino, Capacitação e Trabalho de
Itaitinga (UPECT-Itaitinga).
A Controladoria Geral de Disciplina (CGD) disse ter determinado a
instauração de processo disciplinar "para devida apuração do fato na seara
administrativa".
Por nota, a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização
(SAP) destaca "que apoia de forma integral e transparente o trabalho da
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública. Por fim, a
SAP reafirma o seu compromisso ininterrupto de combate ao crime".
OSTENTAÇÃO NAS REDES - O policial vinha
ostentando nas redes sociais. Nos últimos meses, o suspeito chegou a viajar
para a Europa e exibiu os registros no seu perfil pessoal, no qual também
compartilhava a rotina como agente prisional.
Carro de luxo apreendido junto ao agente
Um carro de luxo da marca BMW, 10 chips, seis celulares, quase R$ 45 mil em espécie, 63 munições, carregadores e fones de ouvido foram apreendidos junto ao suspeito na quinta-feira.
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