Relatório técnico aponta risco à saúde e ao meio ambiente, mas nada foi feito até agora - SAAE não apresenta soluções, apesar de arrecadar R$ 2,1 milhões por mês.
Em 5 de julho de 2024, um laudo assinado pelo engenheiro
Alceu de Castro Galvão Junior, Analista de Regulação da ARCE, recomendou a interdição parcial da Estação de Tratamento de Esgoto
(ETE/Iguatu) devido a falhas críticas no sistema de saneamento que comprometem
a qualidade da água fornecida à população. No entanto, mais de 9 meses depois,
em 15 de abril de 2025, supostamente, nenhuma medida foi tomada pela autarquia
para resolver o problema. Enquanto isso, a população continua exposta ao risco
de consumir água não potável, o que pode acarretar sérios problemas à saúde e
ao meio ambiente.
A ETE, que deveria garantir o tratamento adequado do esgoto, estaria operando
de forma inadequada e ineficiente. O laudo técnico apontou falhas nos processos
de tratamento, o que pode resultar na contaminação da água com microrganismos
patogênicos, como bactérias e vírus, colocando em risco a saúde da população.
Além disso, a falta de manutenção e ampliação da capacidade instalada
compromete ainda mais a eficiência do sistema.
Ampliação da ETE em 30% - De acordo com o
relatório, a ampliação da capacidade de tratamento da ETE é uma medida urgente
para atender à crescente demanda de tratamento de esgoto. O estudo sugere que a
capacidade instalada da ETE seja ampliada em 30%, para garantir que o sistema
seja capaz de tratar adequadamente o volume de resíduos gerados pela população.
Essa ampliação envolveria investimentos em novos equipamentos, reforço na mão
de obra especializada, e recursos financeiros adicionais para adequar a
infraestrutura e melhorar a eficiência do processo de tratamento.
A situação não é apenas técnica - O risco à saúde pública é uma preocupação crescente. A água fornecida,
que pode estar contaminada, é essencial para o consumo humano, e a falta de um
tratamento adequado pode resultar na propagação de doenças como diarreia,
hepatite A, cólera e outras infecções intestinais. Além disso, a presença de
contaminantes como metais pesados e produtos químicos no esgoto não tratado
pode prejudicar os recursos hídricos, comprometendo a qualidade de rios e
reservatórios, afetando não apenas as pessoas, mas também os ecossistemas
locais.
O impacto ambiental é igualmente alarmante - O despejo inadequado de esgoto pode resultar na contaminação de corpos d’água, afetando a fauna e a flora locais. A poluição dos recursos hídricos pode provocar a morte de peixes e afetar a biodiversidade de áreas naturais, o que comprometeria ainda mais a qualidade de vida dos moradores e a saúde dos ecossistemas.
SAAE arrecada R$ 2,1 milhões por mês, mas nada muda - Outro dado alarmante é que, apesar de arrecadar mensalmente R$ 2,1
milhões e ter contraído um empréstimo com outra instituição financeira e ainda
com a CAF (Corporação Andina de Fomento) para melhorias na captação de água e saneamento,
a gestão do SAAE não apresentou soluções concretas. A promessa de investir no
sistema de saneamento não foi cumprida, e até o momento, nenhuma obra de
saneamento e drenagem foi concluída. A situação é ainda mais preocupante, já
que parte da receita do SAAE foi dada como garantia do empréstimo, mas os
repasses foram suspensos em fevereiro de 2025.
Além disso, a recorrência de rompimentos de canos e adutoras, quebras de
bombas e paralisações nos serviços tem comprometido ainda mais a distribuição
de água tratada à população. Esse cenário revela uma gestão ineficiente e falta
de planejamento, que não só prejudica os moradores, mas também compromete a
sustentabilidade do sistema de saneamento.
A palavra dos moradores e especialistas - Em conversa com moradores, muitos expressam preocupação com a qualidade
da água que chega às suas casas. “Eu não confio mais na água que sai da
torneira”, comentou uma usuária moradora do bairro Novo Altiplano e que pediu
anonimato.
De acordo com estudos científicos sobre saneamento básico, a falta de
investimentos no tratamento de esgoto e água pode resultar em sérios riscos à
saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a suposta
contaminação da água com patógenos é uma das principais causas de doenças
infecciosas que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo. Além disso, a
contaminação dos corpos d’água devido ao esgoto não tratado é um fator
significativo para o declínio da qualidade ambiental, afetando tanto a fauna
quanto a flora, com implicações devastadoras para os ecossistemas locais e a
biodiversidade.
Estudos da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) também reforçam que a
ampliação da capacidade de tratamento de esgoto é fundamental para acompanhar o
crescimento populacional e a geração de resíduos. A falta de manutenção e a
sobrecarga das estações de tratamento podem comprometer a eficiência do sistema
e gerar sérios riscos à saúde, como a exposição a substâncias químicas e
patógenos nocivos.
Medidas urgentes - A situação exige ação
imediata por parte do SAAE e das autoridades municipais. É necessário que a
interdição parcial da ETE seja realizada, conforme recomendado no laudo técnico
de julho de 2024, e que os recursos sejam direcionados para a ampliação da
capacidade de tratamento da estação. A ampliação de 30% da capacidade instalada
é fundamental para garantir que o sistema de saneamento seja adequado para as
necessidades da população.
Além disso, é essencial que o SAAE priorize a manutenção da infraestrutura
existente e invista na modernização dos processos de tratamento. Caso
contrário, o risco de surtos de doenças e a contaminação dos recursos hídricos
podem se tornar uma realidade ainda mais grave para a população.
O SAAE de Iguatu enfrenta uma série de desafios relacionados à falta de
investimentos em saneamento e manutenção. A saúde pública e o meio ambiente
estão diretamente ameaçados pela ineficiência do sistema de tratamento de
esgoto e pela falta de ação para resolver esses problemas. A ampliação da ETE e
a melhoria na gestão do sistema de saneamento são urgentes.
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Fonte - maisfm
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