A Polícia Civil ressalta que o inquérito pode ser reaberto caso surjam novos elementos
A Polícia Civil do
Ceará indiciou dez pessoas por envolvimento em um suposto esquema de fraude em
contratos públicos, peculato e lavagem de dinheiro na Prefeitura de Acopiara.
Entre os indiciados está a ex-secretária municipal de Saúde, Fábia Colares Alves de Almeida Barbosa,
que também disputou as eleições de 2024 como candidata a prefeita. O
ex-prefeito Antônio Almeida, apesar
de citado nos depoimentos, não foi indiciado até o momento, mas segue sob
análise.
O inquérito, concluído neste mês, foi instaurado após a apreensão de R$ 170 mil
em espécie, no dia 13 de maio de 2022, durante uma abordagem da Polícia
Rodoviária Estadual na rodovia CE-060, no município de Senador Pompeu. O
dinheiro estava escondido em uma caixa no porta-malas de uma caminhonete de
luxo (Hilux SW4) conduzida por Francisco
Rodrigues do Nascimento, que inicialmente se apresentou como motorista do
prefeito de Acopiara, Antônio Almeida.
Segundo depoimento, Francisco afirmou que o dinheiro seria utilizado para pagar
funcionários de obras da prefeitura, a mando da então chefe de gabinete, Antônia Vebeane de Almeida. Dias
depois, no entanto, mudou a versão e alegou estar a serviço do empresário
Roberto Hermeson Alves de Oliveira, conhecido como “Robertinho do Quixelô”, e que teria ido apenas buscar uma “encomenda” em Fortaleza.
A Polícia Civil apontou diversas contradições nos depoimentos e inconsistências
nos documentos apresentados. Uma das principais linhas de investigação envolve
o pagamento de R$ 170.016,00 da Prefeitura de Acopiara à empresa W2 Comércio,
Importação e Exportação de Medicamentos Ltda, realizado um mês antes da
apreensão - valor quase idêntico ao encontrado no veículo. O contrato previa o
fornecimento de antibiótico (Cefepima),
mas o pagamento foi justificado com nota fiscal de soro fisiológico, produto
que não constava no contrato original.
Além disso, a prefeitura utilizou uma ata de registro de preços do estado do
Tocantins, mesmo havendo opções mais baratas no Ceará, o que levantou suspeitas
de direcionamento e superfaturamento.
A investigação também revelou vínculos da W2 com outras empresas - Supramed e
Globomed - que apresentavam movimentações financeiras atípicas e uso de
supostos “laranjas”. Um dos sócios, Victor Levi Tavares de Araújo, de 25
anos, aparece como responsável por empresas milionárias, mas possui apenas um
carro popular registrado em seu nome. Já João
Vitor Fernandes da Silva, de 23 anos, sem vínculo empregatício formal e sem
habilitação, figura como proprietário de cinco veículos, incluindo modelos de
luxo.
Com base nos indícios, foram indiciados pela Polícia Civil
Francisco Rodrigues do
Nascimento
Roberto Hermeson Alves
de Oliveira (“Robertinho do Quixelô”)
Antônia Vebeane de
Almeida
Francisco Renato Leal
Cavalcante
João Gutemberg Franco
de Sousa
Fábia Colares Alves de
Almeida Barbosa
Paulo Sérgio Moreira da
Silva
Marcos Uchoa Batista
João Vitor Fernandes da
Silva
Antônia Elza Almeida da
Silva
Os crimes investigados incluem peculato, fraude em licitação,
corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro, com base
no artigo 1º da Lei nº 9.613/98.
O relatório foi enviado ao Ministério Público do
Ceará, que avaliará a apresentação de denúncia à Justiça. A Polícia Civil
ressalta que o inquérito pode ser reaberto caso surjam novos elementos.
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