terça-feira, 21 de outubro de 2025

ICÓ - Quem é o chefe do Comando Vermelho que mantém contrato milionário com Prefeitura

As facções criminosas PCC e GDE destinaram R$ 300 mil em um plano para matar Ladislau Pereira da Silva, o 'Lau''.

Investigações indicam que ainda no ano passado as facções Guardiões do Estado (GDE) e Primeiro Comando da Capital (PCC) se uniram em Icó em um plano para assassinar Ladislau

Um dos principais líderes da facção carioca Comando Vermelho (CV) em Icó, Interior do Ceará, tem ligação direta com a atual gestão da cidade. Por meio de documentos oficiais apurou que Ladislau Pereira da Silva, o 'Lau', preso em junho deste ano, é quem fornece medicamentos por meio de contratos milionários com a Secretaria da Saúde Municipal.
A Polícia Civil do Ceará (PCCE) aponta que Ladislau representa a "influência velada, a inteligência estratégica e a logística que se beneficia de uma fachada de legitimidade para proteger e expandir as operações do grupo", se referindo à atuação da facção na região.
Investigações indicam que ainda no ano passado as facções Guardiões do Estado (GDE) e Primeiro Comando da Capital (PCC) se uniram em Icó em um plano para assassinar Ladislau. Um dos membros da GDE teria prometido R$ 300 mil em troca da morte do rival.
Quando preso em junho, a PCCE divulgou que o homem foi alvo da 'Operação Apófis' deflagrada para desarticular grupos criminosos envolvidos com tráfico de drogas, exploração do jogo do bicho, roubos, extorsões e homicídios nos municípios de Icó e Orós.

PROPRIETÁRIO DE FARMÁCIA - Ladislau é um dos sócios administradores da Farmácia Anabelly, empresa com a qual a anterior e a atual gestão de Icó mantêm contratos de fornecimento de medicamentos originais e genéricos desde 2021, entre a farmácia e a Secretaria da Saúde. O contrato mais recente ultrapassa o valor de R$ 1 milhão e está firmado para, pelo menos, até junho de 2026, podendo ser prorrogado. O valor total em contratos desde 2021 chega a aproximadamente R$ 6 milhões.

'A TROPA DO CHAVES' - De acordo com documentos oficiais, o grupo de Ladislau em Icó é conhecido como 'A Tropa do Chaves'. O empresário passou a ser investigado há pelo menos dois anos, quando o CV divulgou 'salves' comunicando publicamente que Icó agora era território dominado pelo grupo carioca: "foram solicitadas algumas medidas cautelares de quebra de dados telefônicos e telemáticos", de acordo com a PCCE.
Ladislau tem alto escalão hierárquico na cidade, "sendo classificado por facções rivais como o "02" do Comando Vermelho na região.
Sua função primordial é a de mentor estratégico e provedor de suporte logístico, disponibilizando suas propriedades como bases operacionais e refúgio para os executores de homicídios ("vaqueiros") a serviço da facção. PCCE
Lau ainda usou da sua influência "para se infiltrar em ‘comércios lícitos’ - a exemplo da instalação de parques de vaquejada e o controle de lotéricas - como uma provável fachada para lavagem de dinheiro e legitimação de seu poder econômico e social na região".

MORTE ENCOMENDADA - A atuação do Comando Vermelho em Icó incomodou os grupos rivais. Enquanto a facção carioca tomava o controle territorial para o tráfico de drogas, a GDE e o PCC traçaram a morte de 'Lau Neto'.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Cosme Henrique Maia Bezerra, o 'Gordão', João Henrique de Oliveira Mendonça Leal e José Itamar Felipe Silva, o 'Neguim' por integrar a organização Guardiões do Estado, "atuando como 'vaqueiros' (matadores) da organização criminosa, sendo responsáveis por executar o plano de assassinar o investigado Ladislau Pereira da Silva Neto".
O crime teria sido encomendado por Márcio Saldanha da Silva, membro do PCC, que recebeu R$ 300 mil para viabilizar a execução "tendo repassado tal missão para membros da GDE com os quais mantêm comunicação, apesar de ser de outra organização criminosa".

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