A policial Larissa Gomes da Silva, de 26 anos, que morreu após ser baleada pelo companheiro, o soldado Joaquim Filho, havia relatado
para uma amiga uma agressão anterior que sofreu por parte do agente. O caso
aconteceu nesta quarta-feira (3), no Eusébio, município da região metropolitana
de Fortaleza.
Quando a agressão aconteceu, Larissa e Joaquim já estavam separados, mas
ensaiavam uma reconciliação. De acordo com o relato da vítima, essa
reconciliação estava difícil porque Joaquim descobriu que ela havia ficado com
outra pessoa enquanto ele também estava em outro relacionamento.
"Na hora que ele descobriu, ele deu
um tapa na minha cara. Eu pensei: ‘É agora que eu vou morrer’. Eu sabia que ele
era descontrolado e na hora que descobrisse um negócio desse. Inclusive, amiga,
eu não estava nem com ele. Como é que ele é doido desse jeito".
A policial havia relatado a agressão também em mensagens enviadas antes de
morrer, durante a discussão que terminou com o disparo.
"Essa parte aí do meu cabelo está
funda. Pegou coronhada aqui no meu rosto e na minha cabeça. Foram várias
coronhadas, não sei exatamente onde pegou. Uma abriu lecho [corte], que
sangrou. A outra afundou a parte da minha cabeça, por isso que até hoje está
inchado", afirmou Larissa Gomes em uma mensagem para a amiga.
Ainda segundo a mulher, no dia da agressão, ela havia concordado em sair com o
ex para comprar cerveja. Porém, no caminho, uma motocicleta
"encostou" no carro do soldado. Quando o militar reclamou, a
passageira da moto mostrou o dedo para ele, despertando a raiva do agente, que
tentou pegar uma arma que estava no automóvel.
"Se estivesse em um dia comum, um
dia normal, eu não teria me metido, mas a gente já estava brigando há muitos
dias. Eu pensei: ‘para ele explodir aqui, vai ser em dois tempos’. Peguei a
arma e escondi nas minhas pernas'. Ele gritando: ‘me dá a arma, me dá a arma’.
Eu disse: ‘não vou te dar’. Olhei para o casal e mandei ir embora",
relatou a mulher.
Larissa relatou para a amiga que o companheiro a agrediu no
carro, com uma pistola que ele levava no veículo
Por conta do ato de
Larissa, Joaquim obrigou a ex a fazer um Pix de R$ 1.000 para ele, para cobrir
o prejuízo que ele alegou ter tido. Após fazer a transferência, Larissa
continuou sendo questionada pelo soldado e acabou dando uma resposta que
resultou na agressão.
"Ele começou a gritar 'por que eu
fiz isso' [ deixar o casal ir embora]. Aí eu disse: ‘eu fiz porque tu é um
louco, um descontrolado’. Na hora que falei isso, ele começou a dar coronhada
na minha cabeça. Eu olhei para ele, uma cena tão horrível, ele tacando
coronhada na minha cabeça, o sangue começou a escorrer", afirmou no
áudio.
Após a agressão, Joaquim levou Larissa para o apartamento dele e fez promessas
de que não iria mais a agredir. Larissa não denunciou a agressão do militar a
polícia, mas fez fotos e enviou áudios para a amiga, informando que tinha guardado
o conteúdo como prova.
Versão do agente sobre morte da companheira - Joaquim relatou para a polícia que ele e Larissa trocaram tiros e
balearam uma ao outro durante uma discussão na tarde desta quarta-feira (3), na
cidade do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Larissa foi baleada no abdômen e no tórax. Já Joaquim levou um tiro na
perna. O casal foi socorrido e levado para a Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) do Eusébio, onde foi constatada a morte da policial.
A policial Larissa Gomes da Silva, de 26 anos, morreu após
trocar tiros com o companheiro, o soldado Joaquim Filho, durante uma discussão
no Eusébio
O agente baleado, que
não estava de serviço no momento do ocorrido, foi transferido para o Hospital
Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza. Ele permanece internado sob
escolta policial. O quadro de saúde dele é estável.
Segundo a Polícia Militar, as armas usadas pelo casal de soldados pertencem a
corporação e foram apreendidas no local do fato.
EM TEMPO - A morte de Larissa é investigada como feminicídio ou homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
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