quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

MPCE denuncia 27 integrantes de facção cearense, incluindo chefes

Guardiões do Estado (GDE) chegou a movimentar R$ 2 milhões com o tráfico de drogas em um único mês, descobriu a Polícia Civil

Pichação em muro com a sigla GDE

O Ministério Público Estadual (MPCE) denunciou à Justiça 27 pessoas que seriam integrantes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). Entre eles, estão velhos conhecidos da Polícia cearense, como homens que teriam fundado a organização e teriam papel de chefia e mandantes da Chacina do Forró do Gago. A denúncia foi ofertada nesta terça-feira (02), e aguarda recebimento pela Justiça.
A peça tem como base investigação da Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Os políciais civis apontaram, entre outros, haver indícios de que os denunciados chegaram a movimentar em contas bancárias mais de R$ 2 milhões com o tráfico de drogas em um único mês. Os titulares das contas são, sobretudo, da Região Norte do País.
A investigação teve início após a prisão, em 2018, de Yago Steferson Alves dos Santos, o Yago Gordão, apontado como um dos fundadores da GDE. Na ocasião, o celular dele foi apreendido e submetido a extração de mensagens. “No referido relatório (de extração das mensagens) foi demonstrada extensa e complexa teia criminosa voltada para a prática de diversos crimes, como homicídios, tráfico de drogas, integrar e financiar organização criminosa, dentre outros", apontam na denúncia os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).
Os diálogos criminosos datam entre os meses de novembro e dezembro de 2018. Em um dos negócios flagrados nas mensagens, Yago e um homem identificado como Paulo Victor Lopes Monteiro conversam sobre uma venda de drogas que resultou em R$ 190 mil. Já em outra conversa, Yago e outra forte liderança da facção, Edgly Dutra Barbosa, afirmam comprar drogas de um mesmo fornecedor na Bolívia. Os entorpecentes viriam com um golfinho em alto relevo, o que seria a marca registrada do Cartel de Cali, na Colômbia.
Também há menções a lavagem de dinheiro. Em uma mensagem, o denunciado Jonnatas Ribeiro aparece contando que abriu uma empresa no nome de um familiar para o transporte de mercadorias. O objetivo, conforme o MPCE, seria branquear dinheiro do tráfico. Também há conversas em que os acusados fazem menção a fuzis que a facção teria.
Também constam entre os denunciados companheiras e parentes de chefes da GDE. Elas, conforme a investigação, passaram a tratar dos negócios criminosos dos homens após as prisões deles. É o caso, por exemplo, de Clédina Celia Paula de Sousa, irmã de Noé e Misael de Paula Moreira, e Andressa Duarte de Paula, companheira de Misael.
Cledina aparece no relatório mandando mensagem a Yago pedindo ajuda para cuidar do "setor" de Misael no bairro Siqueira, após a ida dele para presídio federal. Ela também pede ajuda para que Andressa possa cuidar da “área” de Misael. Os dois irmãos são entre os apontados como mandantes do assassinato de 14 pessoas no Forró do Gago, em 2018.
Dezoito dos denunciados já estão presos. A Polícia Civil não conseguiu localizar oito dos alvos, que são procurados. Ao todo, a Draco havia indiciado 31 pessoas, mas o Gaeco apontou que quatro deles já respondiam por integrar organização criminosa e as mensagens não tinham indícios de que envolvimento deles no tráfico de drogas.

Foram denunciados pelo MPCE

— Jonnatas Ribeiro, o Branquinho ou Urso (atualmente preso);

— Francisco Tiago Alves do Nascimento, o Tiago Magão (atualmente preso);

— Edgly Dutra Barbosa, o Padeiro ou Dudeca (atualmente preso);

— Felipe dos Santos, o Gato (atualmente preso);

— Deijair de Souza Silva, o De Deus ou Mestre (atualmente preso); 

— Paulo Victor Lopes Monteiro, o Reidall (atualmente preso); 

— Francisco Rodrigues dos Santos, o Bodim ou Bode Branco (atualmente preso);

— Reginaldo Alves dos Santos, o Irmão Play (com mandado de prisão em aberto);

— Irad Ronier Gomes da Silva, o Bebi Água (atualmente preso);

— Yago Stefferson Alves dos Santos, o Yago Gordão (atualmente preso);

— Esdras Gomes dos Santos, o Pica-pau ou Wesley (atualmente preso);

— Zaqueu Oliveira da Silva, o H2O (atualmente preso);

— Jose Eder Oliveira Esteves, o Amiguim (atualmente preso);

— Josete Batista Fontes, o Pulga (atualmente preso); 

— Antônio Márcio Freire Simão, o Bidu ou Negão (atualmente preso);

— Antônio Iago da Silva, o Astro (atualmente preso);

— Marcos Fernando Monteiro Marques, Chicó (atualmente preso);

— Jamilson Oliveira da Silva, o Capitão (com mandado de prisão em aberto);

— Ivanildo de Sousa Rego, o Loro Mosca (com mandado de prisão em aberto); 

— Daniel Johnatan Gonzaga da Silva, o Dani Boy (com mandado de prisão em aberto); 

— Jessica Farias de Souza, companheira de Humberto Alvaro de Souza Pereira, o Jacaré, outra liderança da GDE (com mandado de prisão em aberto);

— Maria Daniele da Rocha Alves do Nascimento, esposa de Tiago Magão;

— Emésia de Barros Caldas Moreira (com mandado de prisão em aberto);

— Andressa Duarte de Paula (com mandado de prisão em aberto);

— Clédina Célia Paula de Sousa (atualmente presa);

— Maria Leodona Ferreira da Silva, companheira de Reginaldo Alves dos Santos (com mandado de prisão em aberto);

— Maria Ivonilda da Silva, irmã de Maria Leodona (atualmente presa).

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