Denúncia do Ministério Público aceita pela Justiça também implica outros dois policiais militares, investigados por fraude processual
A Justiça do Ceará
tornou réu o sargento da Polícia Militar Enemias
Barros da Silva pelo crime de homicídio qualificado no caso do adolescente
Mizael Fernandes Silva Lima, morto em julho de 2020, aos 13 anos, durante uma operação
policial em Chorozinho. O policial foi denunciado pelo Ministério Público do
Ceará (MPCE) na última sexta-feira, 3. Ele também é investigado, junto com
outros dois soldados da PM, pelo crime de fraude processual.
Segundo a denúncia encaminhada à Vara Única de Chorozinho, os três militares
teriam interferido na cena do crime com o objetivo de dificultar as
investigações. O adolescente foi morto dentro da casa de uma tia, na madrugada
do dia 1º de junho, durante uma caçada que os policiais realizavam a um homem
suspeito de cometer crimes no município. Os PMs teriam recebido a informação de
que o criminoso estaria escondido em uma casa no residencial onde a família de Mizael
morava.
Os agentes, então, cercaram a casa da tia do garoto e ordenaram que todos
saíssem do imóvel. O único a permanecer na residência foi o adolescente,
que estava dormindo em um dos quartos. Segundo o MPCE, ao entrar na casa, o
sargento efetuou um disparo à queima roupa contra Mizael. Em seguida, ele teria
impedido que a família do adolescente voltasse à residência para testemunhar o
ocorrido.
A denúncia cita que os três policiais colocaram Mizael na viatura já sem vida e
o levaram para o hospital da cidade. Na sequência, eles foram à Delegacia de
Polícia Civil e apresentaram uma arma de fogo que diziam estar em posse da
vítima. Os militares sustentaram que o adolescente estava armado quando a
Polícia entrou na casa e não teria atendido a ordem de se render, argumento
utilizado como justificativa para o disparo feito pelo sargento.
A versão apresentada pelos agentes, no entanto, foi contestada por testemunhas
e provas periciais. Segundo investigação da Polícia Civil, a arma que estaria
com Mizael não apresentava nenhum perfil genético do garoto. A apuração também
concluiu que os policiais modificaram a cena do crime —limpando e recolhendo
objetos — e encaixaram a arma nas mãos de Mizael, numa possível tentativa de
sustentar a versão dada na Delegacia.
Após a aceitação da denúncia, os réus terão prazo para se defenderem
judicialmente. O processo seguirá tramitando na Vara Única de
Chorozinho.
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